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Conclusões

Com a realização deste trabalho de dissertação foi possível identificar os ensaios realizados pela Operadora da Rede de Distribuição ao nível dos Sistemas de Proteção, Comando e Controlo, bem como caracterizar o equipamento de ensaio mais utilizado. Com o objetivo de padronizar e automatizar os ensaios realizados pelos técnicos e engenheiros da área, desenvolveu-se um modelo de ensaios com recurso à ferramenta OMICRON Control Center da mala de ensaios CMC 256-6 da OMICRON. Esse modelo incidiu no ensaio da proteção de distância de um painel de linha de alta tensão. Tendo em conta que a Norma CEI 61850 se encontra cada vez mais implementada nas subestações da Operadora da Rede de Distribuição, ainda no âmbito da normalização e automatização de ensaios, foram apresentados procedimentos para os ensaios na fase de comissionamento e na fase de manutenção recorrendo às ferramentas de ensaios CEI 61850 e ao plano de teste OMICRON Control Center. Após identificar até que ponto a Norma CEI 61850 se encontra implementada nas subestações da Operadora da Rede de Distribuição, foram realizados testes de interoperabilidade vertical e horizontal, com equipamentos de fabricantes diferentes. Nessa mesma linha, foram configuradas comunicações verticais e horizontais. De salientar que a comunicação horizontal entre dois Dispositivos Eletrónicos Inteligentes de fabricantes diferentes não foi possível.

 

Foi possível constatar que, com a evolução tecnológica dos Sistemas de Automação de Subestações foram surgindo novas ferramentas destinadas a ensaios padronizados e automatizados. Embora o modelo desenvolvido possa representar uma mais-valia para a Operadora da Rede de Distribuição, devido às particularidades de cada painel, torna-se necessário desenvolver um plano de ensaios para cada painel-tipo a ensaiar. Se o plano de ensaios for preparado com antecedência e não no local de ensaio, a entidade requerente e o responsável pelo ensaio ganham em termos de economia de tempo e simplicidade do processo. Também foi possível concluir que, mesmo com a padronização e automatização dos procedimentos de ensaios, estando as subestações ao abrigo da Norma CEI 61850 ou não, os conhecimentos e capacidade de deteção de erros por parte dos técnicos e engenheiros responsáveis pelo ensaio, são fundamentais.

 

Com a tentativa de integração de equipamentos de fabricantes distintos nas subestações da Operadora da Rede de Distribuição com a Norma CEI 61850, chegou-se à conclusão que ainda existem limitações nesse sentido. Apesar de os fabricantes alegarem que os equipamentos estão ao abrigo da Norma CEI 61850, ainda não foi possível atingir a interoperabilidade, uma vez que os dados não seguem a mesma organização hierárquica que se encontra definida na norma. Também constitui uma limitação à interoperabilidade, o facto de a Norma CEI 61850 não ser rígida, permitindo diferentes interpretações pelos fabricantes e um exemplo disso, é a forma como os fabricantes definem os nós lógicos. De modo a resolver os problemas de interoperabilidade horizontal, bem como vertical, a Operadora da Rede de Distribuição deve estar munida de equipamentos que permitam fazer o rastreamento da comunicação entre os diversos dispositivos. Constatou-se que, para a comunicação vertical, esse rastreamento é observável no posto de comando local. Contudo, para comunicação horizontal, ainda não existem equipamentos adequados que permitam a sua monitorização, fazendo com que seja difícil detetar as razões pelas quais dois ou mais equipamentos de fornecedores diferentes não conseguem comunicar no mesmo nível hierárquico da SE.

 

Por fim, foram discutidas possíveis medidas a adotar pela Operadora da Rede de Distribuição com vista a padronizar e simplificar a metodologia de ensaios atualmente aplicada e a maximizar os benefícios da Norma CEI 61850.

 

 

Sugestões para trabalhos futuros

Como possíveis trabalhos futuros, propõe-se o desenvolvimento de um modelo de ensaios completo com recurso à tecnologia OMICRON Control Center para todos os painéis-tipo da Operadora da Rede de Distribuição. Tendo em conta que a Norma CEI 61850 está a ser cada

vez mais aplicada nas subestações, esse modelo de ensaios poderia contemplar os módulos destinados ao ensaio de equipamentos ao abrigo dessa norma. 

 

Atendendo ao referido ao longo deste trabalho, a Norma CEI 61850 não define nomes específicos para os nós lógicos, sendo esse um dos principais constrangimentos aquando da interoperabilidade horizontal e vertical. Desse modo, apesar dos fabricantes possuírem uma certa liberdade na atribuição dos nomes aos nós lógicos, acabam por não desrespeitar a Norma. Cabe à Operadora da Rede de Distribuição definir os requisitos necessários no sentido de garantir a interoperabilidade. Propõe-se que esses requisitos sejam entregues aos fabricantes na celebração do contrato, passando assim, a fazer parte do caderno de encargos. A Operadora da Rede de Distribuição pode incluir no caderno de encargos, os seguintes requisitos:

 

 

- Os nomes dos nós lógicos não podem ter prefixos ou sufixos. A Norma CEI 61850 define nomes genéricos e a Operadora da Rede de Distribuição pode requerer que sejam exatamente esses, os nomes utilizados;

 

- Em alternativa ao ponto anterior, a Operadora da Rede de Distribuição pode definir nomes para os nós lógicos e entregar uma lista desses nomes aos fabricantes, sendo que os fabricantes deverão cumprir as especificações fornecidas pelo cliente;

 

-  Utilização de um número pré-definido e fixo de instâncias dos nós lógicos. A diferença entre o número de instância prende-se com a utilização dos dispositivos lógicos. Ou se recorre a um único dispositivo lógico para agrupar os nós lógicos, ou se agrupam os nós lógicos em vários dispositivos lógicos.

 

Apesar dos requisitos mencionados acima irem ao nível de detalhe que normalmente não é do âmbito da Operadora da Rede de Distribuição, entende-se que é necessário um esforço e compromisso tanto por parte dos fabricantes como pelos clientes. Apenas deste modo será possível colmatar as falhas que a Norma CEI 61850 ainda apresenta.

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